sábado, 6 de dezembro de 2008

O m e d o Global

Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os automobilistas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas.
É o tempo do medo.Medo da mulher à violência do homem e medo do homem à mulher sem medo.

Eduardo Galeano

Alma errada

Há coisas que a minha alma, já tão mortificada, não admite:
assistir novelas de TV
ouvir música Pop
um filme apenas de corridas de automóvel,uma corrida de automóvel num filme,um livro de páginas ligadas
porque, sendo bom, a gente abre sofregamente a dedo:espátulas não há... e quem é que hoje faz questão de virgindades...E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones
fugir desesperada me deixará aqui,ouvindo o que todos ouvem, bebendo o que todos bebem,comendo o que todos comem.A estes, a falta de alma não incomoda. (Desconfio atéque minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo)E ligarei o rádio a todo o volume,gritarei como um possesso nas partidas de futebol,seguirei, irresistivelmente, o desfilar das grandes paradas do Exército.E apenas sentirei, uma vez que outra,a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Primeiro Mundo


É uma farsa, é mentira, é engano,País de primeiro mundo não existe.

Não é que não queremos,

Mas a tecnologia não cobre as vidas sofridas.

O mundo ainda convive com a fome, com a guerra,Com o preconceito,Com a miséria,

Ainda convivemos com a agressão ecológica.

A tecnologia não cobre os danos terrestres e vegetais.

Por isso, digo e repito:Tecnologia computadorizada e medicinal,Tecnologia industrial, especial,Tecnologia nuclear atômica Cuidado!Pode ser uma bomba.

Por isso, digo e repito:A tecnologia não cobre as vidas,Esquecidas, e destruídas.



Darlen Gonçalves de Almeida

A violência das L E I S

Muitas constituições foram criadas de modo a fazer com que as pessoas acreditassem que todas as leis estabelecidas atendiam a desejos expressos pelo povo. Mas a verdade é que não só nos países autocráticos, como naqueles supostamente mais livres, as leis não foram feitas para atender à vontade da maioria, mas sim à vontade daqueles que detêm o poder. Portanto elas serão sempre, e em toda parte, aquelas que mais vantagens possam trazer à classe dominante e aos poderosos. As leis são impostas utilizando os únicos meios capazes de fazer com que algumas pessoas se submetam à vontade de outras: pancadas, perda da liberdade e assassinato. Não há outro meio.
Nem poderia ser de outro modo, já que as leis são uma forma de exigir que determinadas regras sejam cumpridas e de obrigar determinadas pessoas a cumpri-las (ou seja, fazer o que outras pessoas querem que elas façam) e isso só pode ser obtido com pancadas, com a perda da liberdade e com a morte. Se as leis existem, é necessário que haja uma força capaz de fazer com que alguns seres se submetam à vontade de outros e esta força é a violência. Não a violência simples, que alguns homens usam contra seus semelhantes em momento de paixão, mas uma violência organizada, usada por aqueles que têm o poder nas mãos para fazer com que os outros obedeçam à sua vontade.Assim, a essência da legislação não está no sujeito, no objeto, no direito, na idéia do domínio da vontade coletiva do povo ou em qualquer outra condição tão confusa e indefinida, mas sim no fato de que aqueles que controlam a violência organizada dispõe de poderes para forçar os outros a obedecê-los, fazendo aquilo que eles querem que seja feito.Assim, uma definição exata e irrefutável para legislação, que pode ser entendida por todos, é esta: "As leis são regras feitas por pessoas que governam por meio da violência organizada e que podem fazer com que aqueles que se recusam a obedecê-las sofram pancadas, a perda da liberdade e até mesmo a morte".

Leon Tolstói

O que faz um mundo pior?