segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Coisa


De fato algumas pessoas possuem um verdadeiro reflexo de submissão, um medo irracional da liberdade, um masoquismo visível em toda parte da vida cotidiana. Com que amarga facilidade se abandona um desejo, uma paixão, a parte essencial de si. Com que passividade, com que inércia se aceita viver por uma coisa qualquer, agir por qualquer coisa, com a palavra "coisa" arrastando por toda parte seu peso morto. Uma vez que é difícil ser si mesmo, adbica-se o mais rápido possível, ao primeiro pretexto: o amor pelos filhos, pela leitura, pela alcachofra. Nosso desejo de cura apaga-se sob tal generalidade abstrata da doença

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Marmotas

...Mas se alguém olha o mapa, a cidade não está lá. Verdade, mapas não são provas de nada. À noite, da serra, posso ver o clarão das luzes e sei que as pessoas estão em casa. Não saem, não passeiam, não se visitam, nem se reúnem. Não existe (mais) restaurante, bar, lanchonete, hall de hotel, varanda de clube, snoozer, para que pessoas se encontrem, conversem. Qualquer estranho que chegue, e é incrível como conseguem chegar (ou porque vão lá) é detectado. Não se relaciona, não acha com quem falar. Este silêncio é que me obcecava. Indago: teria sido esta a razão do meu exílio? Eles não se conformavam em me ver na rua, sem medo, de dia ou de noite, subindo e descendo. Eu sentia que me olhavam por trás das venezianas fechadas. A cidade era famosa pelos olhos nas venezianas. Pelos pequenos buracos, através dos quais as pessoas contemplavam e vigiavam a rua. Em busca de estranhos. Eu percebia, a cada dia, crescer por trás das janelas a tensão. Mas as folhas não se abriam. Há pessoas que nascem, vivem e morrem ocultas. Somente a família toma conhecimento destas existências. Marmotas. Existem nesta cidade milhares de rostos desconhecidos. Uma vez, em desespero, me pegaram forçando um portão; fiquei mais visado. Vozes ciciavam, raivosas. Perguntavam, eu mal podia ouvi-los. Um monólogo surdo: "vai embora, vai", "só nos faz mal", "incomoda", "vai embora, não gostam de você". Não via ninguém, batia nas janelas, tocava campainhas, jogava pedras, os murmúrios se calavam, eu me distanciava e ouvia de novo...

Ignácio de Loyola Brandão

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Certa hora, sem exatidão.

Dispenso sempre a relutância, não que eu seja fraca, impaciência é meu forte. Mas de todas as expectativas, nenhuma me prendeu mais do que o seu contrário me infiltrando. Por mais que sempre enojei a vontade excessiva e a ansiosidade, desta vez me algemei. Foi naquela noite comum, aparentemente, que comecei a olhar para dentro, buscando a exaltação que nunca tive, atentando-me a todos os detalhes, eu queria saber, entender, justificar até certo ponto, o motivo de toda a inversão. Eu caminhei, sem rumo, ora lento, ora lépido, olhei para todos os prédios vazios que me cercavam, senti o vento banhando-me secamente. Quando me sentei no degrau daquela irregular escadaria o melhor que pude fazer foi assistir a entonação desafinada, no mais grave e alto tom, balançar-me dos pés à cabeça. Meus pensamentos mantinham-me absorta e desligada do mundo, a hora passava extremamente rápida e pingo a pingo, como um conta-gotas desenfreado, a ignóbil vida que até então levava, desfazia-se pelas pontas dos meus dedos gélidos. Eu tentei entender o abalo, justifiquei-o de todas as maneiras possíveis, mas nada foi plausível. Sentia-me mergulhada em um mar vazio, onde os peixes sorriam diabolicamente e cercavam-me a fim de me devorar, eu olhava assustada e debatia-me tentando nadar quilômetros, fugir de tudo e isolar-me em qualquer ilha, mas não havia água, nem terra, nem ar, havia somente dentes afiados prontos para devorar-me. Era o troco por minha fome excessiva, por tentar mudar o “concreto” o “certo”. Certa hora, sem exatidão, olhei um homem parado à minha frente, olhando-me profundamente e sorrindo, diabolicamente, mostrando aquela arcada falha, foi como ver a mim mesmo. Levantei-me e busquei um equilíbrio que não vinha, minhas pernas bambas não sustentavam meu peso. Como um objeto sem vida, despenquei em sua direção, com as mãos estendidas, ele me segurou sem esforço, seu toque era indizível, tão áspero a ponto de arranhar-me, mas tão leve quanto a mais pura seda. Eu tentei abraçá-lo, não lembro o motivo, mas meus braços o transpassavam, era como agarrar uma nuvem, seu corpo parecia feito de um gás qualquer, que ao inalar eu sentia uma falta de ar brusca, era como se meus órgãos parassem de funcionar. No mais alto desespero tentei agarra-lo, não me interessava o sentido daquele ato, eu queria desesperadamente uma prova sólida da sua presença, meus braços fracos buscaram o toque que não veio. Exacerbada eu fechei os olhos, deixei-me solta, sem nenhum ponto de equilíbrio, e então flutuei sentado naquela irregular calçada, duvidei da existência de tudo, nem mesmo eu, a única prova verdadeira de vida, existia concretamente naquele momento. Flutuando eu sobrevoei a cidade, olhando tudo como Deus, fazendo com os homens aquilo que tem por hábito fazer, quando se está acima deles, desejando os homens que caminhavam pelas ruas, queria-os mortos, adoraria devorar suas carnes frias sem sangue. O vôo era suave, eu sorria felicitada, satisfeita e louca, poderia chover dejetos, excrementos e todo tipo de podridão existente, eu era inatingível, um ponto inexistente e invisível, uma ave solitária que buscava seu entendimento e sua existência em um mundo de objetos inanimados. Decidi-me por voltar ao solo, pousar em cima dos restos, da carniça ainda em decomposição, e meio aos urubus que regurgitavam carne podre. Em terra, olhei para os lados, era observada e observadora, como rodeada de espelhos, os reflexos transpassavam-me, rebatiam no espelho de ar, e cortavam-me como uma lamina afiada, eu perdia membros, sonhos, cabelos, dentes, pulmões e forças. Agora era eu o alvo, a desapontada, o cerne da contradição, pronto para ser devorada, sem saber como fugir, tentando, relutando, fazendo tudo ao oposto do que sempre fiz. Maldição, eu era tão sólida, tão decidida, mas naquele momento não passava de uma boneca marionete, controlada e manipulada. Foi exatamente no momento mais desesperador, em que não havia forças, muito menos voz para gritar por ajuda, que o urubu mais podre atacou-me, devorou meus olhos com facilidade, agora eu era um cego no mundo dos assassinos, tudo se tornou preto, obscuro e silencioso, um vazio mórbido como nunca imaginei, o barulho ensurdecedor e silencioso do vento era cortado por bater de asas longas, cada vez mais perto. Debatia-me alucinadamente, nada acertava, era como lutar contra um monstro de vento. Eu, perdida, contrariada, fui devorada viva, sentindo cada ataque, cada carne arrancada a frio, sobrou-me somente o pensamento, imaterial e confuso. Sobrevoando aquela carnificina, voltei às ruas, ao labirinto de prédios cinza, vagando ainda sem uma conclusão, buscando algo mais sólido do que homens de vento, mais raivoso do que peixes famintos, mais podre do que aves carniceiras, mais livre do que voar sobre a cidade, eu queria outro corpo, outra embalagem, queria recomeçar, conquistar novamente, ser conquistada, dançar a música da vida outra vez. Tudo porquê o seu contrario me entorpeceu, infiltrou e corroeu minhas certezas. Vaguei como pensamento por horas até o sol aparecer grandioso e evaporar-me por completo. Seu contrário me desembruteceu, depois me reduziu ao menor grão possível, por fim me dizimou, logo eu, não passo de pequenos fragmentos dispersos no ar, espalhando-me dolorosamente por toda a cidade, envolvendo corpos sem vida que sorriem mecanicamente, um riso louco, ensurdecedor, como o meu fora em tempos de certeza e prazer, ileso à sua existência.O que sou e não sou, o que fui, e não fui, ilusionar e acreditar, eu sei que tudo tem um FIM.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Uma verdade nua e crua, da qual a midia esconde e manipula a mente.

A VERDADE SOBRE JOSÉ SERRA E A EDUCAÇÃO PAULISTA
Estamos em ano de eleição e, portanto, é hora de prestarmos atenção aos possíveis candidatos para que o nosso voto não seja motivo de mais mazelas sociais causadas por más administrações. Sabemos, no entanto, que manter-nos informados quanto ao que realmente acontece em nossa sociedade não é tarefa fácil, uma vez que boa parte da grande mídia está a serviço do capital e de partidos políticos – geralmente conservadores.É por essa razão que, por meio desse e-mail, queremos informar a todos o que realmente acontece na educação paulista, uma vez que possivelmente o Sr. José Serra se candidatará ao cargo de presidente da República neste ano.Acreditamos na Internet como um meio eficiente de fazer ouvir a nossa voz, quando o governo e a mídia, por conta dos seus interesses eleitoreiros, querem nos calar e difamar a todo custo.Um exemplo dessa atitude criminosa da mídia golpista é a mateéria que, recentemente, foi pblicada no Estadão. Dentre outras insinuações, o jornal acusava os professores da rede estadual de entrar em greve como um pretexto para ficarem de “braços cruzados”, um jeito “sutil” de classificar a categoria como preguiçosa.O jornal “esqueceu-se”, no entanto, de contar aos leitores os reais motivos da paralisação dos professores. Este e-mail, portanto, pretende impedir a manipulação asquerosa promovida por esse e por outros jornais de grande circulação, contando o que de fato acontece nos estabelecimentos de ensino do estado de São Paulo e que motivou a greve.
SEGREGAÇÃO DA CATEGORIA
O governo Serra dividiu os professores em categorias com letras sugestivas como O de otário, L de lixo, F de f*****, etc, como se fôssemos gado marcado a ferro quente nas costas com as iniciais do dono.O intuito disso é muito simples: segregar a categoria, jogando professores uns contra os outros, numa clara tentativa de enfraquecer a categoria, facilitando a aplicabilidade dos desmandos do governo tucano.A verdade, no entanto, é uma só. Somos todos professores, e temos – ou deveríamos ter pela lógica mais pueril – os mesmos direitos. Na prática, porém, não é o que acontece depois da invenção das malfadadas “letrinhas”. Cada categoria de professores é totalmente diferente da outra.
A DUZENTENA
As perguntas óbvias que surgem imediatamente são: Acaso deixaremos de precisar trabalhar durante 200 dias? Nossos filhos deixarão de comer durante 200 dias? Sob quais argumentos o governo aprovou uma lei tão absurda e sem sentido?A mídia e o governo estão tentando jogar a sociedade contra os professores, ao mesmo tempo que tentam abafar as reais dimensões da greve para que a imagem do “candidato das elites” não saia arranhada e atrapalhe suas pretensões políticas.O que parece é que a lei é um desestímulo a que os professores participem das atribuições de aula, e cubram licenças como professores eventuais, o que acontece muito.Isso porque um professor contratado exige que se recolha INSS, que se pague horas de HTPC, dentre outros benefícios que o eventual não tem.
MATERIAIS DE PÉSSIMA QUALIDADE
Há alguns anos o governo tucano de São Paulo vem enviando às escolas revistas com aulas já prontas – tirando toda a autonomia e liberdade do professor. Tais revistas são de péssima qualidade, apresentando erros grotescos, propondo exercícios patéticos que pouco ou nada contribuem para o avanço dos alunos.
SARESP NÃO MOSTRA A REALIDADE DOS ALUNOS PAULISTAS
Os índices do IDESP – que somam índice de aprovação de alunos e desempenho na prova do SARESP – estão longe de revelar a realidade das salas de aula no estado de São Paulo. A verdade é que, com a progressão continuada, isto é, a obrigatoriedade de aprovar um aluno de um ano a outro, a menos que este exceda o número de faltas permitidas, é muito fácil manter um índice alto de aprovação de alunos, sem que isso signifique necessariamente que eles possuem as competências e habilidades que deveriam possuir.Ademais nos resultados do SARESP o que vemos são textos asquerosos que tentam intensificar avanços pequenos, e minimizar atrasos significativos. Ademais o governo tem o mau hábito de atribuir a suas políticas educacionais os méritos dos avanços dos alunos, e lançar apenas ao professor a responsabilidade pelos regressos.
SALAS LOTADAS
Há um grande número de alunos por sala de aula, o que dificulta o trabalho dos professores, fazendo com que o ensino não tenha a mesma qualidade que poderia ter caso o número de alunos fosse reduzido. Além disso o governo prometeu que colocaria dois professores por sala na primeira série do Ensino Fundamental I, e isso não é o que temos visto. Ao contrário, o que vemos são PEBs I com 40 crianças de cinco e seis anos sem que haja o prometido professor auxiliar..e não pense que é só nas PEBs I que encontramos esses numeros absurdos de alunos não!!!
PROVÃO DOS ACTs
Está claro que o governo pretende com o provão dos ACTs passar a idéia ilusória de que os supostos “professores incompetentes” serão afastados das salas de aula, o que seria um avanço na educação, uma inovação desse governo. Isto porém não passa de mais uma medida para fazer com que o povo acredite que a educação está melhorando graças ao governo Serra. Também é um meio de jogar a responsabilidade pela falência da educação sobre as costas dos professores, classificando-os como incompetentes, para não assumir a parcela farta de culpa do governo tucano que sucateou o ensino.
AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO E VALE-TRANSPORTE
Quanto a essa parte não é preciso dizer muita coisa. Não é à toa que os colegas apelidaram o vale-refeição de “vale-coxinha”. Quem consegue receber o “benefício” sabe que ele é tão vergonhoso quanto o nosso salário. E ai dar mais aulas ou ultrapassar o "limite" de salário para receber o vale-coxinha ou ficar com o vale-coxinha e dar menos aulas? Dificil escolher entre as duas mixarias!!!!
PROPAGANDA ENGANOSA
O governador José Serra, com claros interesses eleitoreiros, tem veiculado propagandas na mídia
que mostram uma realidade falseada da educação paulista. Nessas propagandas o salário dos professores é ótimo, a educação avança vertiginosamente, etc.Na prática qualquer professor sabe que isso não é verdade.
SALÁRIOS MISERÁVEIS
Frequentemente somos acusados pela mídia golpista a serviço do PSDB de mercenários,
simplesmente porque lutamos pór salários dignos. Parece que a imagem que se tem do professor é a mesma do “voluntariado”.Nós professores temos famílias para sustentar, temos contas a pagar, dedicamo-nos não somente dentro da escola, mas também em nossas casas, já que é no lar que nos atualizamos, corrigimos trabalhos, planejamos aulas.O salário base de um professor hoje não chega a R$ 950,00, o que é muito pouco para um trabalho que exige de nós muito
tempo.

FALTA DE CONCURSOS PÚBLICOS PARA EFETIVAÇÃO

Vem do período da ditadura militar essa insistência em manter professores temporários na rede. Hoje esses professores são parte significativa de todo o efetivo da categoria. O número de temporários ultrapassa os 80.000 professores.Isso gera algumas dificuldades na hora de aposentar-se, e não dá acesso a alguns benefícios que o efetivo tem.É verdade que agora – em ano de eleição – o governo realizará um concurso público para efetivação de professores. No entanto o número de vagas é ridículo, pouco mais de 10.000. Precisamos de muito mais vagas para substituir todos os temporários da rede, então só pensando um pouquinho...já sabem de quem serão as vagas..tempo de serviço não conta?
PROFESSORES NÃO FORMADOS ATUAM NA REDE
O governo, que vez ou outra coloca professores de “reforço”, como está acontecendo com os educadores da disciplina de matemática, e que quer demonstrar tanto rigor na contratação de professores com provas eliminatórias, na verdade permite que alunos de faculdade – ainda não formados – bacharéis e tecnólogos – que não passaram em sua graduação por disciplinas relacionadas à prática pedagógica, lecionem tranqüilamente na rede pública.Preste muita atenção em quem você vai votar.Os professores da categoria O, por alguma razão ilógica que ainda estamos tentando compreender, após término de contrato terão que ficar 200 dias afastados das salas de aula. Isto significa que, se um professor está cobrindo uma licença de três meses, após esse período cessa o contrato e ele precisa ficar 200 dias em casa.

Autor Desconhecio

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O estranho, se torna normal?!

Hoje todos acham o dia estranho, a escola "vaga", as emoções menos emocionantes, apesar de tenra idade, já vi, falas como estas, e palavras proferidas no ar... Que se basta um dia após o outro, com trovões e chuvas, sol e praia... Para tudo estar normal, e o estranho, ter se tornado algo normal.
Que o estranho continue estranho, que o vazio, se preencha de saudade e boas lembranças, momentos se tornem fotográficas mentais.
... Que estas palavras, não sejam apenas palavras.
Esperarei!

Romy e seus chicletes [ Poema feito pra mim ]



Há algo, eu posso ver
Seus olhos enxergam o além
Vislumbram seu destino, Pode ser...
Doce e macia

Posso sentir a pele suave
O coração batendo
As idéias fervilhando

A mil por hora, você sonha

Mascando seus chicletes
E rindo daquelas piadas
Garota, garota...

Cada dia crescendo mais
Talvez o mundo não seja o suficiente
Seu rumo é o infinito.


Davi Agatochles

O que faz um mundo pior?